segunda-feira, 22 de abril de 2019

Meados de Abril. 
Um cigarro que acompanha o som da chuva. 
O sítio, o espaço ficou silencioso. 
Na viagem de comboio que ele fez a meio do dia reparou num casal. 
A intimidade nos olhares, a tentativa de controlar os impulsos dos corpos, a atracção, a ternura. Os lábios beijaram-se, um beijo demorado, um riso nervoso depois do beijo. Os olhares fixos um no outro. Os corpos a pulsar. Uma mão é acariciada suavemente pelos lábios. Os olhos novamente a penetrar por entre um sorriso de desejo. 
Um corpo que se levanta, pega na mala de viagem, beija novamente os lábios, para, olha, sorri e sai. 
Os outros olhos viraram-se para o exterior da janela de comboio até ao final da viagem.
Fim de caminho.
Ele pega nas suas coisas. 
Sai da carruagem.
Fuma um cigarro e caminha até apanhar um táxi.

{apontamento 19.}    

Nenhum comentário:

Este texto começa na falha. Deveria começar na falha. Talvez não devesse sequer começar. Mas já começou e irá arrastar-se até não ter mais p...